sexta-feira, 28 de agosto de 2015

O RETORNO DA VIDA ;Por esta janela, olho o mundo lá fora. O vento parece brigar com o tempo. Sopra forte, fora de controle. Todos se curvam diante da sua fúria. Na rua, uma página de jornal parece ter asas. Passa voando, amedrontada, fugindo de alguém, ou de alguma coisa. Sinto vontade de correr atrás, para ver o que está escrito. Só curiosidade. Nada mais. Agora, anoitece. A escuridão assusta. A imaginação, também, parece ter asas. As sombras das árvores, provocadas pela tênue luz artificial, parecem fantasmas correndo pela rua. O oceano briga com o costão, provocando sons de guerras. As aves noturnas, assustadas, migram para bem longe. Passam sobre minha casa, em gritos de pavor. Não tenho esta mobilidade, nem a coragem de abandonar o meu ninho... O mar, bravio, invade as areias da praia, remexendo as suas entranhas. Os pescadores se abrigam, rezam e fazem promessas. Neste tempestuoso cenário, ancoram as minhas lembranças... São amores que não amei. Como as gaivotas apressadas, passaram. Apenas uma que amei, permaneceu, mas equivocada, partiu. Talvez, com medo do vento. A saudade, então, arrebata o meu coração, parecendo o barulho do costão. Nada posso fazer, além de esperar a tempestade passar. A folha de jornal retornará, assim como os pássaros, aos seus ninhos... E eu, aqui desta janela, esperando a vida retornar !

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